Certo dia, fui a um supermercado para comprar alguns produtos que estavam faltando em minha casa, quando me deparo com a falta de um dos que eu estava procurando, surpresa, perguntei ao vendedor em que local eu poderia encontrar o produto e ele me informou que estava faltando, pois, quando um certo tipo de alimento é citado em um programa de TV das sextas-feiras geralmente acaba no supermercado e é difícil repor pois é final de semana.
Não preciso descrever qual minha reação... eu, como nutricionista e acredito que muitas colegas de profissão, ficam assustadas com o poder dos meios de comunicação sobre as pessoas, principalmente sobre alimentação. Os programas isolam um certo tipo de alimento, o rotulam como “milagroso” e no dia seguinte, os supermercados estão cheios de gente comprando os mesmos produtos, sem uma orientação profissional.
Os profissionais da saúde, principalmente os nutricionistas que são os profissionais mais afetados nesse caso, estudam os alimentos de maneira complementar, cada alimento complementa o outro de acordo com as quantidades de nutrientes que cada um possui, um produto pode ser “milagroso” como citado na TV, mas ele sozinho não vai fazer diferença. Uma pessoa leiga no assunto pode muito bem consumir o alimento milagroso e misturá-lo numa refeição com algum alimento que podemos rotular como “vilão” e ai você acha que esse milagre todo pode acontecer?
Os profissionais possuem embasamento cientifico que se obtém ao longo dos anos de estudo para sua formação, tudo é cientificamente provado e ele nunca irá passar uma informação sem saber se aquilo realmente faz sentido. A mídia hoje em dia está sendo um problema para os nutricionistas, muitas vezes elas convertem discursos científicos em sínteses generalizadas reelaborando e descontextualizando os fundamentos científicos, que foram estudados durante anos.
Com toda essa demanda de informações e vendas a qualquer custo de produtos, os pacientes acabam não obtendo um bom entendimento a respeito do assunto, se afastam dos profissionais da saúde e no final, quem sofre as conseqüências é ele mesmo.
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